Artigo

Pronunciamento do vereador Paulo Ritter durante a sessão solene em homenagem aos 73 anos de Canoas

No livro “A arte da vida” (2012), de Zygmunt Bauman, o autor teoriza a felicidade no modo em que vivemos e traz para o centro da sua teoria o protagonismo do humano, dando luz ao conceito de transformar nossas vidas e viver com arte.

Conforme Bauman (2012), “Nossas vidas, quer saibamos ou não, e quer o saudemos ou lamentemos, são obras de arte. Para viver como exige a arte da vida, devemos, tal como qualquer outro tipo de artista, estabelecer desafios que são (pelo menos no momento em que estabelecidos) difíceis de confrontar diretamente; devemos escolher alvos que estão (ao menos no momento da escolha) muito além de nosso alcance, e padrões de excelência que, de modo perturbador, parecem permanecer teimosamente muito acima de nossa capacidade. Precisamos tentar o impossível. E sem o apoio de um prognóstico favorável só podemos esperar que, com longo esforço, sejamos capazes de alcançar esses padrões e atingir esses alvos, e assim mostrar que estamos à altura do desafio.”

A condição política pós-moderna

Todo membro adulto de um estado democrático moderno é por definição um cidadão. As virtudes cívicas são traços de caráter tidos como exemplares por uma comunidade de pessoas. Esses traços são adquiridos pela prática. Fazer o que é certo, e fazê-lo da maneira certa, indica que uma pessoa deseja desenvolver certas virtudes em si ou pelo menos parecer ser isso o que deseja.

Aceitamos a interpretação mais universal dos valores universais da liberdade da vida como o resto com o qual se relacionam as virtudes cívicas. Esta interpretação pode ser resumida da seguinte forma: igual liberdade para todos e iguais oportunidades de vida para todos.

Nessa interpretação, os valores universais da liberdade da vida se combinam com o valor condicional da igualdade.

Uma tal interpretação de valores universais pede a participação de todos os interessados no estabelecimento das instituições da coisa comum. Da coisa comum do seu compartilhamento. É a condição máxima da felicidade em uma sociedade republicana. O bem comum e sua busca permanente asseguram as condições para boa vida de todos.

Uma cidade republicana que pratica no seu cotidiano as virtudes da república.

•         A democracia radical
•         Coragem cívica
•         A solidariedade
•         A Justiça
•         A Racionalidade discursiva

Uma cidade polifônica (Massimo Cavenacci)

A cidade polifônica significa que a cidade em geral e a comunicação do seu povo comparam-se a um coro que canta com uma multiplicidade de vozes autônomas que se cruzam, relacionam-se, sobrepõem-se umas às outras, isolam-se ou se contrastam, e também designa uma determinada escolha de método de dar voz a muitas vozes.

Nesses 73 anos do município de Canoas, com o mesmo espírito dos homens e das mulheres emancipacionistas de 1939, o sentimento, o pertencimento, a identidade, o acolhimento, as virtudes humanas fundamentais à vida em sociedade foram e são reconhecidas por todos os cidadãos e cidadãs da nossa cidade.

O que está na pauta da fala dos canoenses é recuperar o sentimento e o orgulho de ser canoense. O viver em uma cidade que partilha e compartilha a arte da vida. Protagoniza-se através do Orçamento Participativo, da Prefeitura na Rua e das Audiências Públicas de Serviço. Um município em que seus cidadãos orgulham-se do seu Território de Paz no Guajuviras, no Mathias Velho e na Harmonia.

Uma cidade polifônica que dá voz a todos, independentemente da classe social, da cor, da religião ou do sobrenome. Um município em que os valores republicanos são exercidos no cotidiano de suas vidas, quando crianças e adolescentes exercem sua cidadania, votando por urna eletrônica para escolher o modelo do seu uniforme escolar. Desenvolvendo seu senso crítico e sua cidadania. No seu uniforme, do lado do coração, levam no peito o nome e o amor à sua cidade. Em uma cidade polifônica, como um coral de várias vozes, une-se e cria, no nosso Gracinha, uma emergência de excelência. Que com coragem cívica cria 4 UPAS, reabre o Hospital Universitário com 500 leitos pelo SUS. Que inova, através do Teleagendamento, trazendo qualidade de vida para todos.

Hoje, podemos dizer, com orgulho de ser canoenses, que Canoas respira e pratica os valores da República em seu cotidiano. Um município que pratica uma cidadania com igual oportunidade para todos, pois todos podemos acessar serviços públicos que buscam a excelência. Uma cidade, uma comunidade, um povo que pratica a arte da vida. Povo que projeta sonhos e metas, desafios que parecem intransponíveis, como o Parque Tecnológico Guajuviras, o Parque Turístico do Paquetá, o trem subterrâneo, o aeromóvel e a intenção de ser sub-sede da Copa do Mundo.

Com o mesmo fervor dos emancipacionistas de 1939, atualmente, em 2012, os canoenses levam seu orgulho e pertencimento de serem canoenses, que projetaram como artistas de suas vidas, como um coral de várias vozes e com as virtudes humanas da República, a solidariedade, a coragem, o diálogo e a tolerância através do Congresso da Cidade. Projetam o seu presente e o seu futuro de uma Canoas dos canoenses: mais humana, mais sustentável, mais íntegra, mais inovadora e mais próspera.